O vigoroso setor agropecuário brasileiro tornou-se líder no país em emissões de gases de efeito estufa, ultrapassando desmatamento e a área de energia, indicam dados oficiais, enquanto o programa do governo para práticas de baixo carbono não deslancha. Brasília ofereceu a produtores nos últimos três anos cerca de 8 bilhões de reais em empréstimos com taxas reduzidas ligadas à adoção de técnicas que inibam a liberação de gases que causam o efeito estufa, possivelmente o maior programa do tipo no mundo. No entanto, mais da metade do montante não encontrou interessados. Segundo especialistas, o fraco desempenho do chamado Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono) se deve a vários fatores, com destaque para a falta de conhecimento do assunto por parte de produtores e agrônomos, a gestão pouco eficaz feita pelo operador do plano, o BNDES, e a falta de infraestrutura de apoio, como laboratórios. "Existe um potencial enorme para reduzir emissões de CO2 na agricultura. Se as práticas indicadas fossem adotadas, o setor como um todo deixaria de ser emissor e passaria a sequestrar e armazenar carbono", diz Eduardo Assad, que faz pesquisas sobre clima e agricultura para a Embrapa e já foi secretário de Mudanças Climáticas do governo federal. O volume de gases de efeito estufa emitido pela agropecuária brasileira subiu 5,2% entre 2005 e 2010, para 437,2 milhões de toneladas, devido principalmente ao aumento do uso de fertilizantes nitrogenados, à expansão do rebanho bovino e à falta de renovação de pastagens degradadas. A participação da agropecuária no total de emissões de CO2e do Brasil foi de 20% em 2005 para 35% em 2010, enquanto a fatia do desmatamento caiu de 57 para 22%. O setor de energia subiu de 16 para 32% do total. Assim, parece improvável que o setor agrícola brasileiro vá cumprir a sua parte no compromisso assumido pelo Brasil junto às Nações Unidas durante a conferência de clima de 2009, em Copenhagem. O compromisso brasileiro é para um corte de até 39% nas emissões de gases-estufa até 2020. O governo dividiu essa meta entre alguns setores, e restou para a agricultura uma redução de 5,5%. Fonte: Reuters Point Carbon – Marcelo Teixeira
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